O distrito da Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado registou no dia 05 de Outubro de 2017, um grupos de cerca de 30 homens armados que atacou três unidades da Polícia da República de Moçambique, apoderando-se de mil munições e um número não especificado de armas de fogo.
As autoridades policiais desconhecem as razões dos actos de “terrorismo” naquele ponto do país, assim como a verdadeira identidade do grupo, embora já circulam nos jornais nacionais e estrangeiros atribuem o acto ao Al Shabab um grupo terrorista e fundamentalista islâmico que actua primordialmente no sul da Somália, uma organização afiliada à Al-qaeda.
Aguardando a atribuição formal ao grupo, a ser feita pelas autoridades de segurança da República de Moçambique, já havia indícios da existência deste grupo terrorista no nosso país.
Indícios do Al Shabab em Moçambique
No dia 20 de Junho do corrente ano, pontualmente, a Rádio Moçambique noticiou, citando fontes da Polícia da República de Moçambique, a detenção de três indivíduos nacionais acusados de pertencerem a um grupo de muçulmanos que, alegadamente, promove desinformação sobre várias questões sociais, apelando a população que não tenha consideração com a existência do Governo, apelando ao desrespeito às autoridades, a não aderência às escolas e ao uso de objectos contundentes de autoprotecção, como facas e outros instrumentos, na província de Cabo Delgado.
Esta parece-nos ser a segunda detenção de supostos cabecilhas da seita religiosa Al Shabab, sendo que a primeira, ocorreu em Maio, no distrito de Quissanga, na província de Cabo Delgado.
Os acontecimentos de dia 05 de Outubro podem ilustrar o desinteresse ou a fragilidade dos órgãos de segurança em prover os serviços de segurança. Por outro lado a inexperiência do país face ao terrorismo, ou talvez a “inexistência” de órgãos especializados em antiterrorismo.
A fertilidade do terreno face as insurgências (Al Shabab)
Os recursos naturais “são uma maldição”. É inegável que haja ligações entre as guerras, grupos terroristas e os recursos naturais tais como petróleo ou gás. Existe uma lista de guerras alimentadas por petróleo como a do Iraque, da Síria, a 1ª Guerra do Golfo, o Golpe do Estado no Irã e a 2ª Guerra Mundial que aparentemente considerada uma guerra contra o nazifascismo, mas o petróleo exerceu forte influência no conflito. Segundo a lógica da “maldição” a concentração do gás natural na Bacia do Rovuma que ascendem a 30 triliões de pés cúbicos, o que representa uma ocorrência de 10 vezes mais das reservas de gás natural em exploração na província de Inhambane pela sul-africana Sasol, é um factor atraente às insurgências, embora acreditava-se que a possibilidade de uma maldição (Guerra) de Recursos em Moçambique era quase inexistente pois as superpotências (EUA) participam das descobertas e exploração, deixou-se de lado os grupos terroristas.
Moçambique não tendo a maioria muçulmana, e os que professam essa religião acredita-se que não são maioritariamente radicalizados talvez não se torne uma nova “Síria ou Iraque”.
Mas a desaprovação do Governo de Nyusi o “cúmplice” do Governo de Guebuza no endividamento ilegal; e a sua legalização pela Assembleia da República de maioria Frelimo (partido do presidente em exercício e do ex-presidente), considerada a desgraça do povo moçambicano pela elevação do custo de vida e o desemprego abre espaço para um apelo a uma força política e/ou militar contra o governo. Portanto a tese religiosa dos grupos terrorista pode não ter relevância no nosso país.
O país é mais sensível às insurgências com motivações claramente políticas, de libertar o povo de um governo predador. A impotência demostrada até então pela Procuradoria-Geral da República em julgar e condenar os detentores do dinheiro das dívidas públicas tem gerado descontentamento no seio da população que vê os autores da desgraça impunes.
Contudo apela-se aos moçambicanos não optarem por aderência aos grupos extremistas como Al Shabab, pois este e outros grupos terroristas não só não são aceite pela comunidade internacional, mas também nunca representaram uma revolução.